A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) realizou no dia 30 de outubro, em Belo Horizonte, com apoio da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), o 1º Fórum SBP sobre Violência na Infância e na Adolescência. Com um público formado por profissionais de saúde, da educação, da assistência social, da justiça, da segurança e da mídia, o evento foi uma forma de divulgar estratégias de prevenção da violência e de identificação de situações de risco. Na abertura, representantes da SBP, da SMP e da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente externaram em seus discursos que a proteção da criança e do adolescente é um dever não só do poder público, mas também da família, da sociedade em geral e das organizações civis, como a SBP.
O pediatra Mario Roberto Hirschheimer, presidente do Fórum e do DC de Segurança da SBP, lembrou em sua fala na abertura que os avanços da epigenética vêm demonstrando o efeito de fatores ambientais no fenótipo do indivíduo, particularmente quando essa influência acontece nos primeiros mil dias de vida. Segundo Mario, dentre os fatores ambientais, os acidentes, as diversas formas de violência e o uso de drogas, incluindo o álcool e o tabaco, têm o potencial de prejudicar uma pessoa. “A consequência é a predisposição ao fracasso, tornando aquela criança e adolescente menos apto para uma vida adulta produtiva e menos apto para compreender as consequências de seus atos”, alerta. Nesse sentido, Mario acredita que o Fórum SBP contribui para a construção de uma sociedade mais próspera, mais segura, mais humana e mais digna.
Joel Bressa Cunha, presidente do DC de Saúde Escolar da SBP, expressou seu orgulho em representar a saúde escolar em um evento de tanta relevância como o Fórum. “A escola é tanto vítima de violência, como, com certeza, o caminho para a solução desse grave problema”, disse o pediatra.
Violência é irracional
A abertura do Fórum contou também com a presença do secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Luiz Carlos Martins Júnior. Ele iniciou seu discurso recordando uma das histórias da mitologia grega, o Prometeu Acorrentado. “No primeiro ato da tragédia existem quatro personagens, sendo que um deles é a violência. Os personagens dialogam, exceto a violência, pois ela não fala, é irracional e arbitrária”, comentou. Para o secretário eventos como o Fórum da SBP trazem uma mudança de paradigma, na medida em que se percebe a violência com um problema de saúde pública, uma doença moral. “O evento, que tem um público multiprofissional, revela o quanto se faz necessário criarmos uma rede integrada para combatermos e prevenirmos o flagelo da violência”.
A última fala da abertura, antes do início da programação científica, foi a do pediatra Edson Liberal, 2º vice-presidente da SBP, que representou a presidente da SBP, Luciana Silva. Para ele, é uma honra realizar o 1ª Fórum SBP sobre Violência na Infância e na Adolescência em Minas Gerais, terra com uma história tão bonita de liberdade. Edson comentou que a SBP tem um partido, o partido de defesa da criança e do adolescente, dos pediatras, dos profissionais da área da saúde, da educação, da justiça e das ciências sociais. Ele explicou que a SBP mantém um diálogo com os governos instituídos, trabalhando em conjunto ou tendo uma posição crítica. “De forma bem ampla, tentamos ao máximo representar a pediatria brasileira”, disse. O vice-presidente da SBP também comentou os fatos envolvendo crianças em material audiovisual das campanhas dos dois candidatos à Presidência da República que chegaram ao segundo turno. “Vamos ficar alertas a essas questões e vamos participar do que for fundamental para o desenvolvimento da criança e do adolescente”, finalizou Édson prometendo a realização de outros Fóruns semelhantes.
Compondo a mesa de abertura, ainda estavam a integrante do DC de Adolescência da SBP, Patrícia Guimarães, representando a presidente da SMP, Maria do Carmo Barros de Melo e a presidente do DC de Adolescência, Alda Azevedo.