Avaliação dos cuidadores é essencial para o tratamento de um paciente, afirma Marcos Nolasco

Florescer com saúde para viver bem. De forma geral, essa foi a ideia que norteou a conferência “Florescer saudável”, ministrada pelo pediatra convidado Marcos Nolasco da Silva, no dia de encerramento do XV Congresso Mineiro de Pediatria. Atualmente, Nolasco é Professor Doutor do Departamento de Pediatria da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e concentra suas atividades de pesquisa em estudos clínicos, epidemiológicos e de imunologia celular de infecções crônicas como HIV e tuberculose, além de vacinas. No evento, ele veio para discutir o peso da qualidade de vida, saúde mental e bem-estar na condução do tratamento de determinadas doenças. “Mais do que curá-las, o profissional de saúde deve dar a devida importância para a busca pelo cuidado integral à saúde do paciente”, comentou.

O foco na figura do paciente é, nas suas palavras, apenas um pilar do trabalho do pediatra. Mais do que este, Nolasco diz ser essencial avaliar os cuidadores de cada indivíduo, pois, principalmente em casos graves, a adesão é sempre uma atitude conjunta e a carga psicológica de quem cuida costuma ser elevada. “Além disso, devemos tentar trabalhar sempre na horizontalidade e de maneira generosa, mesmo no que diz respeito à parte mais científica. É necessária uma mudança de paradigma”, disse.

Resiliência

Como esperado, Nolasco contou um pouco sobre o uso do termo florescimento na Medicina, explicando que ele deriva de estudos de saúde mental e da psicologia. Hoje, a noção é usada como um sinônimo para o desenvolvimento das complexidades do comportamento humano, assim como “qualidade de vida” – definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a percepção do indivíduo de sua posição biológica, psicológica e social na vida no contexto da cultura. Embora se tratem de conceitos mais subjetivos, o palestrante disse que seus usos são muito mais comuns nos estudos de saúde do que se pensa. “Quem nunca leu aquela notícia que revela qual é o país mais feliz do mundo, por exemplo?”, pontuou.

E já que para Nolasco esse é um ponto importante da análise do paciente, a partir de quais ferramentas e instrumentos avaliar o florescimento de um sujeito? O pediatra mencionou que há alguns pontos aos quais se atentar, como o suporte social, a relação com a família e sua saúde mental.

Expondo suas atividades em um grupo de pesquisa que avalia a qualidade de vida de jovens e adultos, Marcos mostrou dados comparativos acerca do bem-estar (resumido na saúde física e psicológica) de jovens soropositivos, com fibrose cística e saudáveis. “Os resultados revelaram que há uma espécie de resiliência estável entre os jovens durante as diversas etapas do tratamento, mas o mesmo não aconteceu com seus cuidadores”. Como ele cita, resiliência pode ser entendida como a capacidade de superar situações adversas da vida, e, como sua conclusão sugere, é um ponto fundamental para lidar com quadros clínicos graves.