A 38ª edição do Congresso Brasileiro de Pediatria ocorreu no início de outubro, reunindo pediatras, outros profissionais da saúde e acadêmicos de todo o Brasil, em um momento de atualização e troca de experiências. Os cinco dias de programação contaram com palestras e mesas redondas que trataram de assuntos atuais e pertinentes na pediatria.
Dentre os destaques da programação está o estudo orientado pelo pediatra Flávio Diniz Capanema e escrito pela pediatra Isabela Resende Scherrer da Silva e os acadêmicos do curso de medicina da FASEH Anne Duque, Cristiane Ferreira e Antônio Duarte. O trabalho foi premiado com a Menção Honrosa como o melhor trabalho de Minas Gerais.
O objetivo do estudo é investigar as possíveis lesões neurológicas apresentadas por recém-nascidos filhos de mães que usaram cocaína durante a gestação, por meio de investigação ultrassonográfica. “Ao investigar estas crianças, o estudo evidenciou uma maior frequência de lesões do tipo hemorragias e cistos encefálicos nas crianças expostas, quando comparadas com as crianças não expostas, levando a crer que filhos de mães que fazem uso de cocaína na gestação têm chance aumentada de lesões neurológicas ao nascimento”, explicou o médico.
Para Flávio, o trabalho apresenta uma grande relevância por ser um dos poucos que segue a linha dos efeitos da drogadição sobre fetos e recém-nascidos, “mas, sobretudo, uma forte relevância social, visto que essas crianças se mostram desamparadas pelos gestores públicos e, em minha opinião, merecem receber um enfoque especial diante deste risco aumentado de lesões cerebrais”.
Segundo Isabela Resende, também autora do trabalho, “a menção honrosa no Congresso como melhor trabalho de Minas Gerais foi, além de grande motivação para continuidade na linha de pesquisa, uma confirmação da relevância do tema que nos propusemos a estudar”.
Em resumo, o pediatra Flávio Diniz Capanema reafirma que o estudo pode render uma discussão interessante sobre o papel da pediatria na missão de proteção às crianças, ampliando ainda mais o foco para aquelas que vivem sob risco social. Já Isabela acredita que o trabalho pode ajudar na intervenção precoce em crianças, diagnosticadas com lesões ainda no período neonatal, diminuindo as consequências dos problemas.