O que é importante saber e como prevenir?

Quais são os sinais clássicos da gripe não complicada causada pelo vírus Influenza?

Tem-se febre repentina, dor de cabeça, dor no corpo e mal-estar, acompanhados de tosse e dor de garganta. Crianças pequenas tendem a ter febres mais altas, achados respiratórios menos acentuados e mais queixas gastrointestinais (por exemplo, náuseas, vômitos, diarreia, falta de apetite). A maioria das pessoas se recupera em menos de duas semanas, mas a tosse pode persistir por até 4 semanas sem necessariamente termos complicações bacterianas que necessite utilizar antibióticos.

Podem ocorrer complicações graves decorrentes da gripe causada pelo vírus influenza?

As complicações graves podem ocorrer principalmente em pessoas dos grupos de risco (Ex. menores de 2 anos, pessoas com doenças não controladas, idosos). Destacam-se como algumas complicações: respiratórias (pneumonia, exacerbação da asma), neurológicas (convulsões), renais (lesão renal aguda), cardiovasculares (inflamação do coração, trombose), metabólicas (descompensação de diabetes), podendo inclusive levar ao óbito.

Quais são as medidas gerais para se prevenir a infecção pelo vírus Influenza?

De uma forma geral a maioria das doenças virais respiratórias são transmitidas por gotículas, quando a pessoa infectada fala, espirra ou tosse, logo, podem ser prevenidas com medidas simples como: realizar a higienização das mãos frequentemente com água e sabão ou álcool gel, evitar tocar nos olhos, nariz e boca. Para pessoas que possuem risco de adoecerem e apresentarem doença na forma grave (Ex. pacientes com doenças pulmonares) é recomendado o uso de máscara cirúrgica em locais com muitas pessoas e principalmente pouco ventilados. Pessoas com sintomas respiratórios devem evitar o contato com outras pessoas, caso seja impossível o isolamento precisa utilizar máscaras cirúrgicas. Importante relembrar que as máscaras só podem ser utilizadas em crianças maiores de 2 anos.

A vacina contra Influenza é segura?

A vacina é constituída por fragmentos (proteínas) do vírus influenza e está indicada para todas as pessoas acima de seis meses de idade. Os efeitos colaterais normalmente são leves, representado principalmente por dor local, vermelhidão e febre e costumam desaparecer em até 48 horas após a aplicação. Importante ressaltar que a vacina não causa gripe, pois ela não possui vírus vivos na sua composição. Apesar de utilizarem ovos na sua preparação pessoas que têm alergia à ovo, mesmo quando grave (anafilaxia), podem receber a vacina, sendo recomendado apenas que seja em um ambiente com recurso para tratamento de reação alérgica grave e, preferencialmente, sob supervisão médica.

A vacina contra influenza protege contra todos os casos de gripe?

Inúmeros tipos de vírus respiratórios podem causar quadros gripais (SARS-Cov-2, parainfluenza, rinovírus, vírus respiratório sincicial entre outros). A vacina trivalente contra influenza fornece proteção contra três tipos de vírus influenza (dois do tipo A e um do tipo B) e a quadrivalente contra quatro tipos (dois do tipo A e dois do tipo B). A proteção da vacina para os tipos de vírus presentes nela é de 46% (IC 95% 43-50%) para evitar a infecção e 61.8% (IC 95%: 54.5-69.1) para impedir casos graves.

A partir de qual idade pode-se iniciar a vacinação contra influenza e onde encontrar o imunizante?

A vacina deve ser administrada a partir de 6 meses de idade. A vacina trivalente está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para grupos específicos (https://www.saude.mg.gov.br/component/gmg/story/19559-minas-gerais-inicia-vacinacao-contra-a-influenza), enquanto a vacina quadrivalente está disponível apenas nas redes privadas.

Quais pacientes correm maior risco de desenvolverem quadros graves de gripe por Influenza?

Menores de dois anos, idosos maiores de 65 anos, assim como pacientes com condições médicas crônicas (problemas pulmonares, cardíacos, imunológicos, diabéticos, etc.)

Quando deve-se realizar o teste para diagnóstico de gripe por Influenza?

Pacientes com alto risco de complicações: menores de 2 anos, imunocomprometidos, portadores de doenças crônicas. Pacientes que necessitam de hospitalização, ou seja, com doença respiratória grave provavelmente causada por vírus. Importante lembrar que o teste negativo não descarta completamente a doença, pois pode ser um falso negativo.

Existe tratamento para a gripe por Influenza?

O tratamento recomendado para todas as pessoas costuma ser apenas sintomático com analgésicos e antitérmicos, utilizando-se preferencialmente dipirona ou paracetamol, assim como aumento da hidratação oral com água e sucos. A terapêutica específica antiviral (Oseltamivir) quando indicada deve ser iniciada dentro de 24 a 48h após o início dos sintomas em um grupo de pacientes quem tem potencial para evoluir de forma grave: menores de dois anos; doença pulmonar; doença cardiovascular; doença renal; doença do fígado; distúrbios metabólicos; distúrbios neurológicos; obesidade; imunossupressão; uso de aspirina a longo prazo, residentes de instituições de cuidados crônicos.

Como é possível saber quais os tipos de vírus que estão causando gripe nas pessoas?

A Vigilância Sanitária recebe o resultado de amostras de swabs com secreção nasal que foram coletadas de alguns pacientes com quadro de gripe e com esse material é possível identificar por métodos laboratoriais quais são os principais vírus que estão causando os quadros gripais, sejam eles graves ou não. Algumas instituições de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) são as responsáveis por enviar as amostras para serem processadas nos Laboratórios de Referência do país.

Quais foram os principais vírus identificados em 2024 no Brasil responsáveis pelos quadros infecciosos respiratórios leves?

No Brasil o principal vírus responsável pela Síndrome Gripal até o momento é o vírus Influenza (1.685), seguido pelos vírus: SARS-CoV-2, Rinovírus e VSR.

Quais foram os principais vírus identificados no Brasil e em Minas Gerais responsáveis pelos quadros infecciosos respiratórios graves?

Os principais vírus responsáveis pelos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) identificados no Brasil até março de 2024 foram: SARS-CoV-2 (Covid-19) (53%) e Vírus Respiratório Sincicial (VRS) (18%). Outros vírus respiratórios diagnosticados com menor frequência incluem: Influenza A, Influenza B, Parainfluenza, Adenovírus, Metapneumovírus, Rinovírus, entre outros. Em 2023 mais de 4.000 crianças menores de 5 anos foram internadas no Brasil por influenza.

É importante ressaltar que em Minas Gerais a situação foi semelhante à observada no país, com o SARS-CoV-2 responsável por 66% dos casos graves, seguido pelo VRS com 18%, e um pequeno percentual de notificações pelo vírus Influenza.

Ainda estão ocorrendo mortes por vírus respiratórios no Brasil?

Infelizmente, sim. Em 2024, no total, foram registrados 1.081 óbitos, sendo 87% relacionados ao SARS-CoV-2 (Covid-19) e 8% atribuídos à influenza.

Pelo exposto fica claro que a vacinação do maior número de pessoas contra a gripe é o melhor caminho para se evitar problemas. Faça a sua parte vacinando-se e levando o seu filho também para vacinar.

Texto: Departamentos Científicos de Infectologia e Imunizações da Sociedade Mineira de Pediatria