A Sociedade Mineira de Pediatria participou nesta quarta-feira, 14 de julho, como convidada da Reunião do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte. Estavam presentes os três infectologistas que dão suporte à Prefeitura da capital, Carlos Starling, Estevão Urbano e Unaí Tupibambás, além do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, e do secretário municipal de planejamento, André Reis. Representando a SMP, o presidente, Cássio da Cunha Ibiapina, e a diretora de comunicação, Gabriela Araujo Costa. O motivo deste encontro: discutir a volta às aulas presenciais das crianças e dos adolescentes em BH.
O presidente da SMP começou sua fala parabenizando o Comitê pelas medidas de combate à Covid em BH, mas ressaltou que com relação às crianças e aos adolescentes é preciso avançar. “Necessitamos caminhar de acordo com as melhores evidências científicas e possibilitar o retorno à ‘nova’ normalidade de forma rápida, diminuindo os prejuízos causados pelas escolas fechadas”, disse Ibiapina, que ainda fez um histórico rápido sobre as ações da SMP em 2021. Ele citou os dois Ofícios enviados à Prefeitura, em março, sobre a fala do prefeito Alexandre Kalil, e em junho, sobre o uso da Matriz de Risco apresentada pela PBH como balizamento de abertura e fechamento das escolas.
No caso da Matriz de Risco, Ibiapina levantou o pioneirismo, mas disse não compreender as referências utilizadas para os pontos de corte e o porquê de ela só se aplicar às atividades escolares. Segundo ele, os representantes do Comitê responderam dizendo que ela deve ser usada para outras atividades. O presidente se ofereceu para enviar às autoridades a planilha desenvolvida pela SMP com mais de 1700 combinações possíveis da Matriz de Risco, que mostram a não coincidência com os limites criados pelo Comitê. Os presentes na reunião aceitaram e a planilha foi enviada ainda na quarta-feira.
Evidências científicas
“As palavras que representam a SMP são mediação, serenidade, equilíbrio, informação de qualidade e ciência, com evidências atualizadas em tempo real”, com essa fala Ibiapina apresentou a infectologista pediátrica Gabriela Araújo, diretora de comunicação da SMP, que mostrou na reunião as últimas evidências sobre o assunto volta às aulas, principalmente dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças americano e europeu.
Os pontos levantados por Gabriela e que merecem destaque são a segurança do retorno presencial, mesmo para adolescentes, devido menor taxa de infecção e gravidade; escola não é um local importante de transmissão e o retorno presencial não está associado ao aumento da incidência da doença; os principais focos de transmissão nas escolas são os adultos; os adultos da comunidade acadêmica não estão em maior risco de adoecer gravemente do que a população em geral. Ela ainda acrescentou que o distanciamento recomendado atualmente nas escolas é de um metro e não de dois, como preconizava anteriormente o CDC americano.
“É necessário um alinhamento entre órgãos governamentais da saúde e da educação e comunicação efetiva das estratégias comprovadamente eficazes na redução da transmissão, com foco nas medidas de prevenção e vigilância: higiene das mãos e testagem de casos suspeitos”, disse Gabriela. Ela finalizou sua explanação comentando sobre um relatório da Fundação Lemann e da Ong Vozes da Educação, de fevereiro de 2021, mostrando que em 21 países de todos os continentes que retomaram as aulas presenciais não houve impacto do retorno na elevação das taxas de transmissão. “No Brasil, os municípios que voltaram com as aulas em agosto comemoram um ano de forma híbrida sem nenhum deles detectar aumento da transmissão devido a esse retorno”, finalizou.