Aedes e as epidemias atuais



Sociedade Mineira de Pediatria marca presença em Seminário sobre as doenças transmitidas pelo Aedes

 

Foto: Carol Morena – ACS Faculdade de Medicina da UFMG

 

A Faculdade de Medicina da UFMG foi palco, na última sexta-feira (27/02), de um importante evento para a divulgação de conhecimento sobre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, o Webseminário “Aedes e as Epidemias Atuais: Realidade, Possibilidades e Ações”. Apoiado pela Sociedade Mineira de Pediatria, o evento teve aproximadamente 750 inscrições presenciais e foi transmitido simultaneamente pela Internet, sendo que o número de visualizações da página chegou a quase dez mil. E o interesse sobre o assunto foi além das fronteiras brasileiras, cerca de 5% dessas visualizações partiram de outros países, entre eles, Peru, Colômbia e Estados Unidos. Um alento para a falta de informação e a disseminação de boatos, principalmente a respeito do Zika Vírus, que invadem as Redes Sociais no Brasil e no mundo.

Em uma abertura rápida, representantes da Faculdade da Medicina e do Hospital das Clínicas da UFMG, das Secretarias de Saúde de Minas Gerais e de Belo Horizonte, de entidades médicas (CRMMG, COREN-MG e SMP) e de planos de saúde suplementares (Unimed-BH e CASU) de
stacaram a importância do evento para trabalhar e divulgar o conhecimento sobre o assunto. As dúvidas são muitas, segundo os palestrantes do Seminário, mesmo dentro das áreas de saúde e de pesquisa, mas sem a união das instituições, o combate às epidemias de dengue, Zika e Chicungunya não será possível. Finalizando a abertura oficial, o professor Tarcísio Afonso Nunes, diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, lembrou das simples ações do dia-a-dia que toda a população deve fazer para prevenir a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

As epidemias e seus vários desdobramentos

O Seminário continuou com uma primeira rodada de discussões sobre o panorama histórico e as principais características do Zika Vírus. A professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Marise Fonseca, comentou sobre o intenso fluxo internacional de pessoas e como isso pode contribuir para a disseminação de doenças. Na palestra seguinte, a pediatria Andrea Luchesi, presidente do Comitê de Infectologia da SMP, falou sobre as manifestações clínicas e exames laboratoriais das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti. Marli Marra, presidente do Comitê de Neuropediatra da SMP, palestrando sobre a possível relação entre o Zika e o aumento de casos de microcefalia no Brasil, citou as novas recomendações da OMS para a classificação da microcefalia, publicadas em 25/02/2016. Ela também esclareceu que a microcefalia é um sinal e não um diagnóstico. A situação epidemiológica de Minas Gerais e de Belo Horizonte com relação a dengue, Zika e Chicungunya foi apresentada por Rodrigo Said, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), e Argus Leão, da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte.

As palestras da segunda mesa redonda continuaram sobre o panorama atual do Zika Vírus e as outras doenças relacionadas ao Aedes. O fluxograma de atendimento em Minas Gerais para o Zika e a gestante foi apresentado por Cláudia Carvalho Pequeno, da Secretaria de Estado de Saúde. Continuando o assunto, a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG, Regina Amélia Aguiar, disse que o mais importante com relação às mulheres grávidas hoje é a prevenção do contágio e o acompanhamento psicossocial das gestantes infectadas pelo vírus, por causa do pânico que existe em torno da doença. A neonatologista Andrea Chaimowicz, secretária geral da SMP, explicou que o cuidado com os bebês recém-nascidos com microcefalia deve ser realizado por uma equipe interdisciplinar. Partindo para o paciente adulto infectado pelo Zika, o neurologista Paulo Christo, do Hospital das Clínicas da UFMG, apresentou um aumento de casos de síndrome de Guillain Barré em locais onde existe a transmissão da doença. E disse também que outras manifestações neurológicas devem estar ligadas ao Zika, como encefalites e cefaleias. Fechando a primeira parte do Websimpósio, a professora do Departamento de Pediatria da UFMG, Maria do Carmo Barros de Melo, presidente da SMP, falou sobre a importância da telessaúde na assistência das epidemiologias atuais.

O bandido não é o mosquito

Um dos pontos altos do evento foi a palestra do professor de Clínica Médica da UFMG, Enio Pietra. Com uma linguagem simples, em uma intensa palestra, ele começou dizendo que se existe um vilão para a situação do mundo com relação às doenças emergentes, reemergente e negligenciadas, esse vilão é o ser humano e não o Aedes. O professor salientou que a forma que a humanidade vive hoje, com guerras, aumento populacional e comportamento sexual ajuda no processo de adoecimento da população. Ao final, ele pergunta qual seria a saída para ser humano em sua plenitude. Ele mesmo responde: “Não é difícil, é ser cidadão”. Dando sequencia ao evento, o também professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade falou sobre os arbovírus, dos quais fazem parte a dengue, Zika e Chicungunya, e como o Brasil é um território fértil para a sua transmissão. O país tem clima favorável, vetores disponíveis, hospedeiros e vasta extensão territorial.

E para fechar o Webseminário, uma apresentação muito interessante. O professor do Departamento de Química da UFMG, Jadson Belchior, apresentou um dispositivo químico para combater o Aedes aegypti. Trata-se de um tijolo que flutua na água e tratado química e termicamente cria uma substância tóxica à larva.

Ao final do evento, dúvidas sobre a atuação do Zika Vírus nos seres humanos ainda continuaram persistentes para participantes e palestrantes, mas uma certeza era clara: as discussões e apresentações de resultados em Seminários dessa natureza é um caminho para esclarecer profissionais da área de saúde e, consequentemente, a população.

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