Simpósio de Reanimação Neonatal movimenta Belo Horizonte



Simpósio de Reanimação Neonatal: discussões científicas e muito aprendizado em prol do recém-nascido

 


Belo Horizonte sediou, entre 14 e 16 de abril, o “6º Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal”, no Minascentro. O objetivo principal foi apresentar para os pediatras as novas diretrizes de 2016 do Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN-SBP), elaboradas a partir das recomendações do Comitê Internacional de Reanimação – Força Tarefa Neonatal (ILCOR, sigla em inglês). Mais de 1400 participantes do Brasil inteiro acompanharam conferências, colóquios e mesa redonda. O auditório sempre lotado, até o final do evento, comprovou o engajamento que pediatras e profissionais de saúde que atuam em sala de parto têm quando o assunto é “o primeiro minuto de vida, que vale pela vida inteira”.

Depois de recepcionados com a apresentação do Hino Nacional executado pela neonatologista e cantora Sandra Ornelas, os participantes conferiram discursos comprometidos dos componentes da mesa de abertura. Ruth Guinsburg e Maria Fernanda Branco Almeida, coordenadoras do PRN-SBP, em uma fala conjunta lembraram um pouco da história do Programa de Reanimação no Brasil, dizendo que hoje já são mais de 80 mil profissionais treinados. “É o segundo maior programa de reanimação do mundo”, comemoram. De acordo com elas, as aulas no Simpósio basearam-se nos documentos publicados pelo Ilcor, ao final de 2015 – as melhores e mais atualizadas evidências científicas disponíveis para o atendimento do recém-nascido em sala de parto. “Nós estamos tentando oferecer aos participantes a discussão do estado da arte, no que se refere à reanimação neonatal”, completam. Ao final do discurso, Ruth e Maria Fernanda pediram uma salva de palmas para todos os instrutores de Reanimação Neonatal ali presentes: “a força do PRN reside em cada um dos nossos mais de 800 instrutores”.

Márcia Penido, presidente do Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal, deu sequência à abertura dizendo que o programa científico do Simpósio contempla os grandes desafios enfrentados por todos os presentes ao atender o recém-nascido no momento único do nascimento. Ela destacou a importância de Belo Horizonte estar recebendo o evento pela segunda vez, o primeiro Simpósio de Reanimação Neonatal foi realizado na cidade, em 2004. “De lá para cá, foram 12 anos de trabalho que permitiu Minas Gerais ter um time de quase 100 instrutores. É com o trabalho deles que a Reanimação Neonatal brasileira se solidificou no estado”, comentou Márcia que ainda acrescentou: “O grupo de instrutores de nosso estado fala NÓS e essa é a nossa marca”. Para finalizar os discursos, Eduardo Vaz, presidente da SBP, falou um pouco sobre os seis anos de sua gestão, que está chegando ao final. Ele disse que o Simpósio foi produzido sem muitos patrocínios, fato que acontece também no dia-a-dia da SBP, pois hoje a instituição é financiada por seus associados e pelos programas de educação continuada. Elogiando o Simpósio, ele convidou a todos para participarem de um desafio: continuar juntos em prol da criança brasileira e da formação qualificada do pediatra.

Programação Científica

A primeira conferência do Simpósio foi exatamente sobre “O Programa de Reanimação Neonatal no Brasil”, um resumo do que foi apresentado na tarde anterior ao início do evento, na Reunião Pré-Simpósio dos Instrutores do PRN-SBP. Proferida por Maria Fernanda Branco de Almeida e coordenada por Eduardo Vaz, a conferência agradou os participantes. Cláudia Feitosa, neonatologista do Rio de Janeiro, disse que o mais interessante foi o destaque que deram para as novas diretrizes do Programa de Reanimação Neonatal, mas sempre levando em consideração as condições e a realidade de cada serviço.

O ponto alto do Simpósio foram as participações internacionais. Três líderes mundiais na condução do processo de renovação do conhecimento em Reanimação Neonatal, segundo as coordenadoras do PRN-SBP, estavam presentes e proferiram importantes conferências. Jefrey M. Perlman, diretor de Medicina do Recém-nascido do Hospital Presbiteriano de Nova Iorque/Faculdade Médica Weill (EUA), foi coordenador da delegação neonatal do Ilcor de 2005 a 2015. Myra H. Wyckoff, professora do Departamento de Medicina Neonatal e Perinatal da Universidade do Texas (EUA), assumiu a difícil tarefa de coordenar o Ilcor a partir de 2015. Gary M. Weiner, diretor de Medicina Neonatal e Perinatal da Universidade de Michingan (EUA), é editor da sétima edição do Manual de Reanimação Neonatal da Academia Americana de Pediatria, a ser lançado em maio de 2016.

Os dois colóquios sobre os “Gargalos no cuidado imediato do recém-nascido” e os “Cuidados no pós-reanimação” também fizeram sucesso. O mais importante era a interação da plateia, que participou com inúmeras perguntas e se manifestou sobre os vários pontos de vista ali apresentados. Para Iandira Castro, pediatra na Bahia, o colóquio que tratou dos gargalos do nascer no Brasil foi o momento mais agregador do Simpósio. “Os convidados expuseram sua opinião para tentarem chegar a um consenso do que é melhor para todos nós”, disse.

Pôsteres

Foram exibidos no Simpósio 98 trabalhos científicos, que ficaram expostos no segundo dia do evento, quando houve visita comentada aos pôsteres. Os três trabalhos premiados foram: 1º lugar – Perfil epidemiológico dos óbitos neonatais associados à Síndrome de Aspiração de Mecônio no Estado de São Paulo (principal autora: Josiane Quintiliano Xavier de Castro); 2º lugar: Pacote de medidas aplicado por equipe multiprofissional e avaliado continuamente reduz a hiportemia em RN <34 semanas admitido em UTI (principal autora: Marynéia Vale); 3º lugar: Perfil do transporte Inter-hospitalar de recém-nascidos de alto risco (principal autora: Anelise Valim Vilas Boas).

Ao final do evento, o sentimento de participantes e organizadores era de dever cumprido. Os comentários eram que a atualização em neonatologia e Reanimação Neonatal buscada foi alcançada. E para Márcia Penido foi com grande satisfação que observou a motivação, a participação, a confraternização e o entrosamento de todos. “Crescemos, aprendemos e estaremos mais entusiasmados para voltarmos às nossas maternidades e aplicarmos o que aqui foi ensinado”, finalizou Márcia em seu discurso de encerramento e agradecimento.

Outras informações fotos na Fanpage do Simpósio: www.facebook.com/simposioreanimacao2016